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Metabolismo em vacas leiteiras

A formulação de uma dieta adequada para as vacas leiteiras é uma das tarefas mais importantes de uma fazenda de produção de leite, devendo ser feita por profissionais capacitados. Ela está diretamente ligada à produção de leite e também influencia nas questões relacionadas à saúde e desempenho reprodutivo dos animais. Além disso, trata-se do item de maior custo nas fazendas leiteiras. 


Confira abaixo algumas informações técnicas que ajudam a esclarecer sobre os passos e informações necessárias para formulação de rações, além da descrição de metodologias para tal formulação. As informações são de Junio Cesar Martinez, publicadas anteriormente no site da MilkPoint.


Agrupamento de animais e exigências nutricionais. Com base nas exigências nutricionais da vaca leiteira, são identificadas 4 fases distintas ao longo da curva de produção:


1) período seco da vaca: em geral 60 dias pré-parto

2) início de lactação: do parto aos 100 dias pós-parto

3) meio de lactação: dos 101 aos 200 dias pós-parto

4) final de lactação: dos 201 aos 305 dias pós-parto

 

1. Período seco

Durante os primeiros 40 dias do período seco, as exigências nutricionais da vaca podem ser supridas sem grandes dificuldades, pois o animal consegue ingerir uma quantidade adequada de alimento. Vacas que na secagem apresentarem condição corporal ao redor de 3,5 (escala de 1 a 5), podem ser alimentadas apenas com volumoso de boa qualidade e mistura mineral. Aquelas abaixo de 3,5 podem necessitar de suplementação com concentrado.

Na fase final do período seco, nas últimas 3 semanas que antecedem o parto, a vaca entra no período de transição, que se estende até 3 semanas pós-parto. Nessa fase pré-parto, o crescimento acelerado do feto e o início da síntese de colostro aumentam significativamente a exigência nutricional. Este fato é agravado também pela queda no consumo de alimento. Desta forma, é necessário aumentar as densidades energéticas, proteicas e de minerais, e  as vitaminas das rações de vacas leiteiras nessas 3 semanas que antecedem o parto.O manejo nas 3 últimas semanas pré-parto, têm grande impacto na produção de leite, reprodução e saúde da vaca durante a futura lactação. As que parem magras, com condição corporal abaixo de 3,5, não têm reservas de energia suficientes para apresentar pico de lactação alto. Vacas que parem com excesso de condição corporal, especialmente com escore acima de 4,0 são mais propensas a apresentarem distúrbios metabólicos após o parto, baixa produção de leite e perda excessiva de condição corporal após o parto.


2. Início de lactação

Esta é a fase de maior produção de leite. Ela é crescente até aproximadamente 60 dias pós-parto, quando a vaca atinge o pico de lactação. As 3 primeiras semanas pós-parto são as mais críticas, pois muitos dos problemas ocorrem durante este período e estão normalmente ligados à mudanças drásticas de metabolismo, alterações hormonais, aumento na demanda de nutrientes, depressão da imunidade, estresse do parto e início da lactação.

Todos estes fatores podem ser exacerbados quando o manejo nesse período é inadequado. O grupo de vacas em início de lactação é o que recebe a alimentação com maior concentração de nutrientes, ou seja, com maior teor de concentrado. Em função da mudança drástica em apenas 60 dias, do final do período seco ao pico de lactação, é necessário que o aumento na dose de concentrado seja gradativo nas primeiras semanas pós-parto. O consumo de alimento é crescente pós-parto, porém abaixo do necessário para suprir as exigências da vaca até o pico de lactação. O ápice de consumo de MS só ocorre 30 a 60 dias após o pico de lactação e isso resulta na perda de condição corporal da vaca nos primeiros 30 a 60 dias pós-parto. Os principais objetivos ao se formular rações para vacas em início de lactação são maximizar o pico de lactação e minimizar a perda de condição corporal pós-parto.


3. Meio de lactação

Nesta fase, a vaca atinge o pico de consumo de matéria seca, a produção de leite apesar de ainda ser alta, está em declínio e é dado início a reposição de condição corporal. As exigências em energia, proteína, minerais e vitaminas são menores que na fase anterior. Ajustes devem ser feitos na ração, com redução no teor de concentrado da mesma.


4. Final de lactação

Nesta fase a ingestão de nutrientes é bem maior que a demanda, uma vez que a produção está em declínio. É o período de maior reposição da condição corporal da vaca. Excesso de concentrado nesta fase, além de elevar os custos de produção pode favorecer a ocorrência de vacas com condição corporal excessiva, fator predisponente para distúrbios metabólicos pós-parto.


5. Vacas primíparas - um grupo a parte

Vacas primíparas em início de lactação são os animais de maior exigência nutricional do rebanho. Entretanto, ocupam posição hierárquica inferior a das vacas multíparas, que são dominantes em relação as primíparas. Seja em sistemas de confinamento ou pastagem, é importante separá-las das demais. Em rebanhos que utilizam pastagens, apesar do problema não ser tão intenso durante o pastejo, o fornecimento do concentrado em grupo, pode ser crítico para estas vacas se mantidas juntas com as multíparas, pois não conseguirão comer a quantidade necessária de concentrado.


É importante lembrar que vacas com estresse térmico comem menos, a ingestão de matéria seca tende a cair em torno de 6 a 30%, tendo como resultado a redução de leite de 15 a 20% (CRUZ, 2021). Logo, o animal precisa ter acesso a conforto para que possa suprir suas necessidades de forma adequada. Para isso, é preciso que esteja livre de fome, dores, medo, estresse e outros estados desconfortáveis, sendo fundamental também que haja o manejo correto para evitar má nutrição e doenças. O bem-estar dos animais só é garantido quando o produtor proporciona para seu rebanho uma boa qualidade de vida.  (AMARAL et al., 2018).


ATENÇÃO!

Quando há diminuição do ganho de peso, atraso na reprodução, mortalidade e a diminuição da qualidade do produto final, estes são reflexos indicativos que algo não está indo bem na produção, ou seja, quando o bem-estar não está adequado. Sistemas que oferecem um maior conforto, evitam a perda de produção em um rebanho e melhoram a qualidade de vida dos animais, como o uso de sistemas silvipastoris (uso de sistemas que integram árvores, pastagens e animais), desmama natural ou controlada, instalações que não sejam escorregadias e muitos outros manejos que propiciem benefícios para os animais (MODESTO, 2018).


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