Atualizado: 12 de mai. de 2021
Hoje eu gostaria de saber de você o que entende por desenvolvimento sustentável. A palavra desenvolvimento significa na sociedade atual “crescimento que, sendo social, político e econômico, pode ser observado num país, numa região, numa comunidade”. Porém, ao se buscar a etimologia desta palavra, encontramos “ela vem de desenvolver, que descreve um ato de “desenrolar, permitir a saída ou aparecimento de algo que estava tolhido”, que se forma pelo prefixo des -, de oposição, mais envolver. E esta, por sua vez, veio do Latim VOLVERE, “rolar, fazer girar”.
Se pararmos um pouquinho para pensar, o vocábulo “desenvolvimento” é sinônimo de crescimento econômico nas sociedades capitalistas como a nossa, mas… significa, por outro lado, na origem da palavra, opor-se ao envolvimento. E se buscarmos na língua mãe, o latim, vamos ainda mais fundo na análise: opor-se ao giro, ao movimento. Você já se deu conta de que todo o processo desenvolvimentista e técnico-científico é pautado na separação em partes, na divisão do todo? Por exemplo, quando uma empresa deseja analisar a qualidade da água, geralmente o faz considerando apenas o rio que ela utiliza para suas atividades; mas deixa de fora os afluentes, o entorno do rio, os locais por onde seu leito corre.
Daí, eu pergunto a vocês, como pode um desenvolvimento ser sustentável? A palavra sustentabilidade se refere a suprir as necessidades do presente sem afetar as gerações futuras. Uma vez que você se oponha ao giro, ao ciclo, ao movimento da natureza e a divida em partes a serem estudadas e esmiuçadas em partes cada vez menores, o ciclo global e todas as interações e inter-relações homem-natureza também são quebradas. Grandes indústrias, empresas, metrópoles e megalópoles agem como se fossem entes totalmente independentes do meio natural, não se considerando parte dele. A natureza é vista como um ser à parte de toda a modernidade que existe no mundo contemporâneo. Agimos hoje criando sistemas culturais, políticos e imaginários que legitimam a exploração, as ilusões e alienam as pessoas diante do modo destrutivo como interagimos com os ecossistemas naturais.
O capital é tal qual um deus na sociedade pós-moderna, sem que se tenha recursos humanos ou de organizações políticas e econômicas para frear o processo de acumulação infinita do próprio capital. Mudanças são possíveis, apesar de parecerem pouco prováveis, pois nós mesmos raramente questionamos as contradições do sistema econômico capitalista. Por esse motivo, o capitalismo é um sistema totalitário, porque dita a vida dos indivíduos (inclusive os desejos e a personalidade, identidade pessoal) e cria verdades baseadas na lógica que atendem a esse mesmo capital.
Mas então se não existe desenvolvimento sustentável, será possível criarmos um “modelo econômico verde”? Mas é claro que sim! Isento de impactos ambientais é inviável, pois tudo que fazemos causa alterações no meio, sejam elas positivas ou negativas. Lembre-se de que tudo na natureza está interconectado. Mas para que essa utopia se torne real é preciso que o sistema de produção capitalista sofra mudanças profundas como: não exploração dos trabalhadores, preservação e conservação de ambientes naturais e manejo sustentável dos recursos naturais.
